O Diabetes
Mellitus é uma doença de etiologia múltipla causada por uma deficiência relativa
ou absoluta na produção de insulina, ou pela incapacidade da insulina exercer
adequadamente seus efeitos.
Diabetes é
uma alteração na produção do hormônio insulina pelo pâncreas ou uma resistência
à ação da insulina pelo organismo. É a insulina que ajuda o organismo a
transformar a glicose em energia para o funcionamento do corpo humano. A
quantidade de insulina liberada depende de quanta glicose é ingerida. Quanto
mais alimentos ricos em carboidratos (doces, batata, arroz, macarrão,
biscoitos, bebidas alcoólicas) são consumidos, mais o pâncreas precisa trabalhar.
Quanto mais
cedo o diabetes for detectado, mais chances de controlar a doença e de evitar
complicações futuras. Desde o nascimento há medidas de prevenção ao diabetes
como o aleitamento materno, que evita a alimentação artificial, rica em
açúcares desnecessários nesta fase.
Os dois tipos
de Diabetes Mellitus mais freqüentes são o Diabetes Mellitus insulino-dependente
ou tipo 1 e o Diabetes Mellitus não insulino-dependente ou tipo 2 (Alvarez, Dalgaard
e Luescher, 2005)
Edulcorantes
A maioria dos
edulcorantes ou adoçantes dietéticos podem ser usados por diabéticos. É
importante sempre consultar os rótulos para não fazer uso de produtos com
sacarose, para saber a composição do produto e para saber a ingestão diária
admissível –IDA.
Adoçante
|
Nome comercial
|
IDA
|
|
Kcal/g
|
Sacarina
/ciclamato
|
Doce
Menor, Sucaryl, Adocyl, Assugrin, Dietil, Holda, Suita
|
5mg/kg/dia
|
artificial
|
|
Ciclamato
/sacarina
|
Doce
Menor, Sucaryl, Adocyl, Assugrin, Suita
|
Proibido
em certos países europeus e nos /EUA
|
sintético
|
|
Steviosídeo
|
Docévia,
Stevita
|
5,5mg/kg/dia
|
natural
|
4kcal/g
|
Acessulfame
k
|
Línea
|
15mg/kg/dia
|
artificial
|
|
Frutose
|
Frutose,
Frutak, (frutose + ciclamato)
|
Limitado
|
Açúcar
natural
|
4kcal/g
|
Manitol,
Sorbitol e Xilitol
|
Empregados
em confeitos, produtos dietéticos e refrigerantes
|
Limitado
porque possui baixo poder adoçante e
são calóricos
|
|
4kcal/g
|
Sucralose
|
Splenda
|
15mg/kg/dia
|
Derivado
da sacarose
|
|
New
Sugar
|
|
Ainda
não há recomendação
|
|
|
Aspartame
|
Finn,
Sucret, Aspasweet, Doce Menor, Gold, Zero cal, Cristaldiet, Docylow, Sweet,
Sweetline.
|
50mg/kg/dia
|
sintético
|
1kcal/g
|
(Alvarez, Dalgaard e Luescher, 2005)
Produtos dietéticos
Os alimentos
dietéticos devem ser avaliados cuidadosamente antes do consumo, uma vez que nem
sempre são destinados aos pacientes diabéticos. Parte dos produtos dietéticos
não utiliza carboidratos de ação rápida, mas pode conter grandes quantidades de
gorduras e de edulcorantes calóricos, aumentando a energia total ingerida no
dia e acarretando prejuízos no controle da doença (Alvarez, Dalgaard e
Luescher, 2005).
Produtos diet
e light não podem ser consumidos à vontade. Diet é substituição de sacarose por
adoçantes e light é redução calórica, geralmente por diminuição de gorduras, o
que significa que o alimento light pode ter sacarose.
Situações especiais
Hipoglicemia:
neste caso, deve-se oferecer balas, açúcar refinado ou bebida com 2 colheres de
sopa de açúcar em ½ copo do líquido, para elevar rapidamente os níveis
glicêmicos. Se o paciente estiver em coma hipoglicêmico ou se recusar a
colaborar, recomenda-se passar açúcar entre a bochecha e a gengiva,
massageando-a por fora. Se necessário, aplicar uma injeção de glucagon (1mg)
subcutâneo. A consciência retorna em 5 minutos, permitindo um lanche posterior
(Alvarez, Dalgaard e Luescher, 2005).
Atividade
física: recomenda-se ingerir alimentos de alto índice glicêmico antes dos
exercícios porque disponibiliza glicose mais rapidamente como fonte de energia.
Por exemplo abacaxi ( IG = 94%), banana ( IG = 100%), banana cozida ( IG =
121%). Veja em anexo, tabelas de índice glicêmico.
Eventos
sociais: a criança não deve ser privada de participar de ocasiões festivas. Se
o evento social for noturno, ela poderá substituir o jantar. Deve ser orientada
para consumir preparações salgadas e sucos naturais quando possível, ou
refrigerante diet, evitando preparações doces. Também deve-se fazer o exame de
glicemia para aplicação da dose necessária de insulina e para não suprimir a
última refeição noturna (ceia) (Alvarez, Dalgaard e Luescher, 2005).
Contagem de carboidratos
A lista de
substituição e a contagem de carboidratos são dois métodos muito usados,
especialmente na utilização de insulina ultra-rápida e bomba de infusão. Este
uso requer um plano alimentar individualizado, estabelecido por um profissional
de nutrição treinado em
diabetes. O paciente e seus familiares devem ter um grau de
instrução para compreenderem os cálculos necessários à consulta de cardápios,
listas de alimentos substitutos e pesagem de alimentos, por isso este método é
complicado para ser usado em serviços de saúde pública (Lopez, 2004).
As listas de
substituição são baseadas nas porções da pirâmide dos alimentos e seus grupos
principais s: pães, massas, cereais e leguminosas, devido à presença importante
de carboidratos neste grupo; carne e ovos; leite e derivados; frutas,
hortaliças e gorduras. Grande parte dos carboidratos provém de três grupos de
alimentos: pães e massas, frutas e leites e derivados. As hortaliças contêm
menor quantidade de carboidratos. Alimentos do grupo carnes se gorduras contêm
pouca quantidade. Assim, a quantidade média de carboidratos em cada grupo de
alimentos por porção está na tabela abaixo:
Grupo
|
Quantidade de carboidratos
|
Pães,
massas, cereais e leguminosas
|
15
|
Frutas
|
15
|
Leite
|
12
|
Vegetais
|
05
|
Carne,
frango, peixe
|
00
|
Gorduras
|
00
|
(Lopez, 2004).
A contagem de
carboidratos é uma extensão da lista de substituições, porém centrada nos
carboidratos, já que estes são os nutrientes que mais influenciam a elevação
glicêmica e, por conseguinte, os requerimentos de insulina (Lopez, 2004).
Uma outra
maneira de trabalhar com contagem de carboidratos é conhecer os valores
absolutos de carboidratos dos alimentos e preparações através de consulta a
tabelas de composição, rótulos de alimentos e serviço de atendimento ao
consumidor. (Lopez, 2004).
Bibliografia
1. ALVAREZ, Marlene Merino;
DALGAARD, Haline; LUESCHER, Jorge Luiz. Diabetes mellitus na infância. In:
ACCIOLY, Elizabeth; SAUNDERS, Cláudia; LACERDA, Elisa Maria de Aquino. Nutrição
em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005. cap. 28.
p. 497-510.
2. LOPEZ, Fábio Ancona; BRASIL,
Anne Lise Dias. Nutrição e dietética em clínica pediátrica. São
Paulo:Atheneu, 2004. p. 279-291
3. CHAMPE, Pámela C. Bioquímica
ilustrada. Porto Alegre: Arte Médica Sul, 1996. 2 ed. P. 297-307.
4. www.jped.com.br Jornal de pediatria. Rio de Janeiro: 2003.
Acesso em: 3 nov. 2006 às 14:00h.
5. GABBAY, Mônica; CESARINI,
Paulo R.; DIB, Sérgio A. Type 2 diabetes in children and adolescents:
literature review. www.jped.com.br Jornal de pediatria. Rio de Janeiro: 2003.
Acesso em: 3 nov. 2006 às 15:00h.
6. DOROSZ, Philippe. Tabelas
de calorias e regimes de emagrecimento. Barueri: Manole, 2006.
7. OLIVEIRA, Reynaldo G. Black
book pediatria. 3 ed. Belo-Horizonte: Black Book, 2005.