domingo, 1 de setembro de 2013

A osteoporose é um distúrbio complexo, multifatorial, caracterizado pela redução assintomática na massa do osso por unidade de volume


A osteoporose é um distúrbio complexo, multifatorial, caracterizado pela redução assintomática na massa do osso por unidade de volume (LONGO E NAVARRO, 2002).
É o tipo mais comum de doença óssea metabólica, caracteriza-se pela re
dução simultânea do mineral e da matriz dos ossos. Em conseqüência, ocorre a redução da quantidade de osso que, apesar disso, possui composição normal (FINKELSTEIN, 2001).
Quando a massa óssea diminui, a integridade estrutural se ressente, o apoio mecânico não se mantém e ocorrem fraturas com os menores traumas (LONGO E NAVARRO, 2002).
Portanto, a osteoporose é uma doença caracterizada pela redução da massa e densidade óssea, gerando fraqueza nos ossos. Se o problema não é tratado, o esqueleto vai se tornando extremamente frágil, havendo a possibilidade da ocorrência de fraturas espontâneas. O processo de perda óssea é mais comum nas vértebras, pernas e quadril e embora se inicie na faixa de 34-39 anos, ele é tão lento que pode levar muitos anos até se manifestar (SALGADO, 2002).
A osteoporose pode ser prevenida desde muito cedo, pois é na fase de crescimento, até os 24 anos de idade, que ocorre o pico da massa óssea, assim a alimentação é fundamental para a sua construção forte e saudável, que mais tarde servirá como uma base sólida, diminuindo as chances de desenvolver osteoporose (STÜRMER, 2002).

ETIOLOGIA
A densidade óssea nos adultos depende tanto da densidade máxima atingida durante o desenvolvimento quanto da perda subseqüente de osso. Portanto, a osteopenia pode resultar do aumento de massa óssea deficiente na puberdade e/ou perda acelerada de osso no adulto (FINKELSTEIN, 2001).
A densidade óssea aumenta extraordinariamente durante a puberdade em resposta aos esteróides gonadais. E outros fatores que influenciam a densidade óssea máxima, entre eles o genéticos são responsáveis por até 80% da variação da massa óssea máxima. Por exemplo, a densidade óssea é menor nas filhas de mulheres com osteoporose do que nas que não apresentam essa doença óssea. Outro exemplo, os homens têm maior densidade óssea do que as mulheres (FINKELSTEIN, 2001).
São fatores passíveis de afetar a massa óssea máxima: sexo, raça, fatores genéticos, esteróides gonadais, hormônios do crescimento, época da puberdade, ingestão de cálcio e exercício físico. (FINKELSTEIN, 2001).
 São fatores que aumentam  o risco de desenvolver osteoporose (SALGADO, 2002).
Sexo: de modo geral, mulheres correm maior risco de desenvolver osteoporose do que os homens. Há duas explicações para isto: primeiro a ingestão de cálcio e exercícios físicos durante a adolescência ser menor do que nos homens, o que torna a massa óssea feminina menor; e depois da menopausa, pode ocorrer rápida perda óssea do esqueleto devido à diminuição da produção do estrogênio.
Raça: mulheres da raça branca caucasianas (região da Europa), asiáticas e hispânicas são mais propensas e as negras apresentam menos riscos.
Menopausa: após a menopausa, os ovários deixam de produzir o hormônio feminino estrógeno. Este hormônio é importante para que os ossos se mantenham fortes. Sem o estrógeno, os ossos perdem cálcio, um dos seus mais importantes componentes. Além da menopausa, outros fatores podem provocar a diminuição do estrogênio do organismo. Em mulheres que se submetem a cirurgia para extração dos ovários (histerectomia) e naquelas que deixaram de menstruar por longo tempo, por motivos diferentes do gravidez, é provável que o nível de estrógênio esteja muito baixo e o risco de ter osteoporose pode ser maior do que o normal.
Idade: após 60 anos, quase 90% das mulheres têm perda da massa óssea.
Fumo e álcool: o hábito de fumar e o consumo exagerado e regular de bebidas alcoólicas podem interferir com a capacidade que o corpo tem de manter os ossos normais e saudáveis. Fumar acelera o ritmo de perda óssea, aumentando as probabilidades de ter osteoporose. O álcool afeta a absorção de cálcio por lesões do intestino e fígado.
Falta de exercícios: assim como os músculos se enfraquecem quando não são usados, os ossos também necessitam de exercício para permanecerem fortes e saudáveis. Portanto, a resistência dos ossos é determinada em parte pelo esforço físico exigido do esqueleto. Pessoas confinadas à cama ou a uma cadeira de rodas, ou cujo estilo de vida seja particularmente sedentário, correm maior risco de desenvolver osteoporose.
Alimentação: a ingestão inadequada de cálcio é também um dos grandes fatores que podem ocasionar a osteoporose, já que 99% de todo o cálcio do organismo está presente nos ossos e dentes. Portanto qualquer pessoa com deficiência nutricional e que não ingere alimentos ricos em cálcio, pode correr risco de ter osteoporose. Entretanto, apesar do consumo de cálcio ser essencial para a boa saúde dos ossos, estudos mostram que a quantidade de cálcio retido pelos ossos é mais importante que a consumida. A perda de cálcio urinária é fator que explica as variações no balanço de cálcio entre as mulheres. Vários fatores dietéticos aumentam as perdas de cálcio através da urina, como por exemplo, dietas ricas em proteína animal, o consumo excessivo de sal e de cafeína. Já as dietas com excesso de fosfatos (bebidas gasosas são ricas em fosfatos) podem alterar o balanço de cálcio/fósforo, invertendo-o com o predomínio do fósforo. Isto impede a absorção do cálcio. Outro fator que pode interferir na taxa de cálcio é a falta ou quantidade insuficiente de vitamina D, que é indispensável para boa absorção intestinal do cálcio.
Baixo peso: mulheres de baixo peso são mais propensas a ter baixa densidade óssea. Isto porque seu esqueleto é menor e a partir do momento em que seus ossos começam a se debilitar após a menopausa, eles atingem um estágio no qual sofrem fraturas mais facilmente do que mulheres com constituição normal.
Diabetes: indivíduos com diabetes geralmente apresentam decréscimos de massa óssea. Entretanto, estudos demonstram que o diabetes não seria o fator responsável e sim a dieta a que os pacientes se submetem no decorrer da vida. Por isso, o tratamento de diabetes deve ser acompanhado de orientação rigorosa da dieta, de forma a prevenir o problema de perda óssea.
Hipertiroidismo e hiperparatiroidismo: o hipertiroidismo acusa perda óssea e o uso de hormônio da tireóide (para emagrecimento) também, assim como o hiperparatiroidismo.
Medicamentos: certos medicamentos como heparina, anticonvulsivantes (fenitoína e fenobarbital) e o uso continuado de cortisona podem causar perda óssea.
História familiar: se a mãe ou a avó da mulher sofrem de osteoporose, as probabilidades de desenvolver a doença são muito maiores.

Após atingir o seu valor máximo, a densidade óssea permanece estável por vários anos e, a seguir começa a declinar.  Nas mulheres, a perda óssea começa antes da cessação da menstruação, embora se desconheça o momento exato do seu início.  Após a cessação da menstruação, a perda óssea é acelerada nas mulheres. As taxas de perda óssea variam entre as mulheres. Não se sabe ao certo por que algumas mulheres pós-menopausa são perdedoras rápidas de osso. E uma vez terminado o período de rápida perda óssea pós-menopausa, a perda de osso prossegue durante toda a vida, porém de forma graduada. (FINKELSTEIN, 2001).
Os homens também sofrem desta doença, porém em menores proporções em relação às mulheres. De acordo com estudos, os homens com mais de 50 anos não absorvem cálcio como na juventude e um dos fatores suspeitos de causar isso é a queda do hormônio testosterona, que ajuda a ação da vitamina D na absorção do cálcio (STÜRMER, 2002).
A osteopenia que resulta do envelhecimento normal, em ambos os sexos, denomina-se osteoporose senil ou do tipo II. Como a osteoporose do tipo II é asssociada a uma redução mais equilibrada da massa óssea cortical e trabecular, torna-se comum a ocorrência de fraturas no quadril, pelve, punho, úmero proximal, tíbia proximal e corpos vertebrais (FINKELSTEIN, 2001).

FISIOPATOLOGIA (QUADRO CLÍNICO)
A osteoporose é o aumento da porosidade do osso, resultando em desmineralização. Com a redução de massa óssea podem ocorrer fraturas espontâneas. A baixa ingestão prolongada de cálcio na vida adulta tem sido tratada como causa da osteoporose. Junto à esse fato tem-se a baixa atividade física que ocasiona a perda de cálcio dos ossos. Outro fator que influencia na osteoporose é que a eficiência da absorção do cálcio diminui com a idade (BONDINSKI, 2006).
A osteoporose é assintomática, a não ser quando resulta em fratura. Geralmente fratura por compressão vertebral ou fratura do punho, quadril, costelas, pelve e úmero. As fraturas por compressão vertebral geralmente ocorrem em conseqüência de estresse mínimo como espirrar, curvar-se ou levantar algum objeto leve. As regiões torácicas média e inferior, assim como a lombar superior são as afetadas com maior freqüência. Em geral, a dor nas costas começa de modo agudo e amiúde e se irradia lateralmente para os flancos e anteriormente. A dor desaparece gradualmente no decorrer de várias semanas a meses e reaparece com a ocorrência de novas fraturas. Os pacientes com fraturas que resultam em deformidade da coluna podem apresentar dorsalgia crônica, que se agrava com a posição ereta. Esses pacientes perdem altura e podem desenvolver a cifose dorsal característica e lordose cervical conhecida como “corcunda de viúva” (FINKELSTEIN, 2001).
As fraturas dos quadris decorrem de quedas e ocorrem em conseqüência de traumatismo moderado ou, em alguns casos, antes da queda. A probabilidade de sofrer fratura do quadril durante uma queda também se relaciona à direção da queda, de modo que as fraturas têm mais probabilidade de ocorrer em quedas laterais talvez devido à presença de menor quantidade de tecido mole para dissipar o impacto. As complicações provenientes das fraturas do quadril como tromboembolia pulmonar ou infecções hospitalares, produzem uma taxa de mortalidade de 15-20% nos pacientes idosos e 30% das vítimas de fratura de quadril precisam de cuidados prolongados em casa (FINKELSTEIN, 2001).
Diagnóstico
Os sintomas dessa doença são silenciosos e o processo, muitas vezes começa cedo (na adolescência) em função do pico de massa óssea inadequada. A fratura é uma das conseqüências dos ossos doentes, porosos, frágeis e quebradiços. Seu diagnóstico é feito através da Densiometria Óssea, exame pelo qual pode-se medir a densidade dos ossos e avaliar o grau de osteoporose ou através de exames de sangue e urina, para estimar a absorção de cálcio nos ossos (STÜRMER, 2002).
O diagnóstico é estabelecido pela documentação de fratura típica por fragilidade ou pele medida da densidade mineral óssea. A obtenção de um valor para a densidade óssea abaixo do limite inferior da normalidade para adultos jovens do sexo igual estabelece o diagnóstico. A nomenclatura da Organização Mundial de Saúde utiliza o termo osteopenia, para se referir aos indivíduos cuja  densidade mineral óssea se situa entre 1 e 2,5 desvios padrões abaixo da massa óssea. Mas na verdade osteopenia é um termo genérico empregado par se referir à diminuição de massa óssea independente da sua gravidade ou histopatologia (FINKELSTEIN, 2001).
A maneira mais comum pela qual a mulher pode descobrir que está com osteoporose é a fratura do punho ou quadril após uma queda sem importância. Outras mulheres, à medida que envelhecem, percebem que estão diminuindo de estatura ou se curvando (corcunda de viúva), ou nota que suas roupas não estão caindo bem. Isso ocorre quando as vértebras, os ossos que formam a coluna, se tornam tão frágeis que um simples movimento corriqueiro, tal como tossir ou carregar algo, pode provocar o seu colapso. Este colapso das vértebras pode ser extremamente doloroso (SALGADO, 2002).
Tratamento
Medicamentos
Existem medicamentos que possuem a finalidade de aumentar a massa óssea. Esses medicamentos são os mais importantes no tratamento da osteoporose, por reduzirem os riscos de fratura. Porém eles não melhoram as dores que possam existir. É importante que o medicamento seja tomado de maneira correta mesmo que não se perceba nenhuma diferença, pois esse aumento da massa óssea ocorre silenciosamente, da mesma maneira que ocorre a desmineralização óssea.
Suplemento de cálcio e vitamina D
Se na alimentação não existir quantidade adequada de cálcio pode ser preciso suplementá-lo. A suplementação pode ser de diversas formas: comprimidos, pastilhas para mastigar ou pó para dissolver e devem ser tomados após as refeições.
Alguns suplementos de cálcio possuem vitamina D, porém pode ser necessária ainda a suplementação de vitamina D, que deve ser ingerida em horário diferente da suplementação de cálcio.
Medicamentos para controlar a dor
São utilizados analgésicos.
Suplementos de estrogênio
Nas mulheres pós-menopáusicas, os suplementos de estrogênio, a calcitonina, os moduladores seletivos dos receptores estrogênicos, os bisfosfonatados ou os suplementos de flúor mais cálcio em pequenas doses e de liberação lenta funcionam como tratamento para a osteoporose e reduzem o risco de fratura.
A terapia com estrogênio por períodos prolongados, aumenta os riscos de câncer de útero, mama e outros órgãos. Para algumas mulheres, o efeito benéfico da terapia de reposição hormonal supera um aumento no risco de câncer (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001)
Hormônio masculino
Recentemente o hormônio masculino modificado, o estanozolol, tem sido usado para diminuir a perda de densidade do osso.

RELAÇÃO COM O ESTADO NUTRICIONAL E COM A INGESTÃO DE ALIMENTOS
A boa saúde óssea está associada a hábitos alimentares saudáveis, especialmente com adequada ingestão de cálcio (LOPEZ e BRASIL, 2004).
A principal medida preventiva da osteoporose é atingir o maior pico possível de massa óssea, tendo a ingestão de cálcio, papel fundamental. O cálcio não atua apenas na formação da massa óssea dentro do potencial genético do individuo, mas também protege a massa óssea acumulada. As necessidades diárias de cálcio variam de acordo com a idade e diferentes fases da vida (LOPEZ e BRASIL, 2004).
Na adolescência há grande aquisição de massa óssea e aproximadamente 40% do pico de massa óssea é acumulado em um curto estagio do ciclo da vida. Existem diferenças nas taxas de aquisição e na idade em que ocorre o pico máximo da massa óssea (LOPEZ e BRASIL, 2004).
Aceita-se que o desenvolvimento de um alto pico de massa óssea durante a adolescência protege contra a osteoporose na menopausa. Há relação inversa entre a densidade mineral óssea e a incidência de fraturas na pós-menopausa. (LOPEZ e BRASIL, 2004).
Além do cálcio, outros nutrientes também podem influenciar a saúde óssea, incluindo magnésio, fósforo, vitamina D, vitamina K, zinco, manganês, cobre, boro e vitamina C (LOPEZ e BRASIL, 2004).

Medidas preventivas
Várias medidas podem ser tomadas a fim de reduzir os riscos de desenvolver osteoporose, apesar de não se poder alterar os efeitos que o envelhecimento provoca nos corpos das pessoas. Entre elas, atenção ao consumo do cálcio e vitamina D, fazer exercícios físicos, limitar o consumo de álcool e fumo.
Uma das maneiras mais importantes de diminuir o risco de osteoporose é ter o esqueleto forte. Durante a infância, as crianças que dispõem de adequada quantidade de cálcio em sua dieta, apresentam desenvolvimento ósseo excelente. Depois dos 20 anos, os ossos param de crescer, mas é importante manter ingestão adequada de cálcio, seja qual for à idade da pessoa (SALGADO 2002).
A vitamina D é necessária para a boa absorção do cálcio em nosso organismo. Ela é encontrada em quantidades variáveis na manteiga, na, gema de ovo, fígado e óleo de fígado de peixe. Entretanto a exposição da pessoa ao sol é necessária, para que os precursores da vitamina D existentes nesses alimentos sejam convertidos em pró-vitamina D pelos raios ultravioleta. Portanto é importante expor-se ao sol pela manhã até 10 horas (SALGADO, 2002).
Exercitar-se regularmente ajuda a evitar a perda óssea e é benéfico também para o coração. Entretanto antes de iniciar qualquer programa de exercícios físicos é bom consultar o médico (SALGADO, 2002).
Pesquisas afirmam que a atividade física regular tem efeito positivo na manutenção da massa óssea e ressaltam, também, que o efeito de proteção ocorre especificamente nos sítios do esqueleto usados predominante pelo esporte praticado. Assim, se uma mulher no período pós menopausa pratica determinada atividade física mas não faz reposição hormonal, o exercício estará estimulando positivamente determinada região óssea, enquanto a deficiência de estrogênio poderá estar agindo contrariamente em todos os ossos (FRANK e SOARES, 2004).

Recomendações nutricionais para osteoporose (LEÃO, 2003).

Preferir: alimentos ricos em vitamina D e cálcio; frutas cítricas junto a alimentos ricos em cálcio; banho de sol; alimentos ricos em fitoestrógenos: proteína de soja, amêndoas, castanha de caju, castanha-do-pará, nozes, repolho, brócolis, couve-flor, rabanete, leguminosas.

Evitar: excesso de proteína; excesso de sal/sódio; excesso de gordura; alimentos ricos em fósforo; bebidas alcoólicas; alimentos ricos em cafeína; alimentos ricos em acido oxálico.

Cálcio e Vitamina D: intervenções  nutricionais na osteoporose
A vitamina D também é conhecida como calciferol, colecalciferol e vitamina anti-raquítica.
Existem duras formas fisiologicamente ativas de vitamina D: a vitamina D2  ou ergocalciferol e a vitamina D3 ou colecalciferol (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
A D2 ou ergocalciferol existe em alimentos de origem vegetal. A D3 ou colecalciferol resulta da transformação não-enzimática do precursor 7-deidrocolesterol existente na pele de mamíferos, pela ação dos raios ultravioleta do sol. O 7-deidrocolesterol é, também, o composto encontrado nos óleos de fígado de peixes, que são excelente fontes de vitamina D (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Função
A forma hormonal da vitamina D ajuda a manter o metabolismo mineral normal, principalmente a homeostase do cálcio e do fósforo, atuando em três localizações: sobre o intestino delgado, os ossos e os rins. No intestino delgado, estimulando a absorção do cálcio e fósforo dos alimentos, pela mucosa; nos ossos, facilitando a mineralização óssea, especialmente na fase de crescimento; e nos rins, auxiliando a reabsorção do cálcio e fósforo dos túbulos renais. Há evidências, ainda, de que o 1,25-diidroxicolecalciferol pode estar envolvido, também, na fisiologia de outros tecidos, como pele, pâncreas, pituitária e células hematopoiéticas (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
A ausência de vitamina D resulta em raquitismo para as crianças e osteomalácia em adultos. As deficiências de vitamina D podem ser causadas por vários motivos, sendo que as causas primárias são uma dieta pobre e uma mínima exposição à luz solar. A deficiência se manifesta como raquitismo em crianças e como osteomalácia em adultos, além de também poder contribuir para o desenvolvimento da osteoporose (CARRERO, Denise Madi, 2006).
A vitamina D é importante para a absorção ativa do cálcio em nível instestinal. A sua deficiência pode proporcionar perda de massa óssea e risco de osteoporose. A redução da vitamina D nos idosos se faz por diminuição da ingestão, menor exposição ao sol, menor síntese cutânea e menor hidroxilação renal (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Em relação à toxicidade, sob o ponto de vista alimentar, devido ao pequeno teor de vitamina D nos alimentos habituais, a hipervitaminose não ocorre. A ingestão excessiva de vitamina D via suplementação pode acarretar hipervitaminose D, causando alterações patológicas no organismo. Essas alterações, conseqüências da hipercalcemia, são excessivas calcificação óssea e calcificação de tecidos moles, como o rim (incluindo cálculos renais, miocárdio, pulmões e até mesmo da membrana timpânica do ouvido, o que pode resultar em surdez. Os sintomas são hipercalcemia, hipercalciúria, anorexia, fraqueza, letargia, náusea, vômitos, constipação intestinal, dores articulares, desorientação e perda de peso. A suspensão da vitamina nos estágios iniciais da intoxicação torna os efeitos reversíveis (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Fontes
Sendo uma vitamina lipossolúvel, são poucos alimentos considerados fontes: gema de ovo, fígado, manteiga, pescados gordos (arenque, cavala, sardinha, atum, etc.). Carnes e peixes magros contêm apenas quantidades-traço (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Os alimentos ricos em ácidos graxos poliinsaturados também posssuem grandes quantidades de vitamina E. As melhores fontes são óleos vegetais ricos em ácidos graxos poliinsaturados, sementes, oleaginosas e cereais integrais. Boas fontes também são aspargos, abacates, frutas vermelhas, vegetais de folhas verdes e tomates (CARRERO, Denise Madi, 2006).
Quanto à síntese cutânea do colecalciferol pela incidência da luz ultravioleta sobre o 7-deidrocolesterol, que atua como pró-vitamina, sua quantidade varia com uma série de fatores como o tempo de exposição da pele, estação do ano, situação geográfica, poluição atmosférica, hábitos culturais e pigmentação da pele (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Metabolismo
A vitamina D da alimentação é absorvida no intestino delgado (principalmente no jejuno) na presença de sais biliares. Ela é transportada com os quilomícrons e as lipoproteínas através da via linfática até o fígado, onde ocorre a sua conversão enzimática a 25-hidroxicolecalciferol, a principal forma circulante de vitamina D. Uma nova hidroxilação ocorrerá nos rins, transformando este composto em 1,25-diidroxicolecalciferol ou calcitriol. No fígado também ocorre a hidroxilação da vitamina D obtida via luz solar (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
A circulação sangüínea da vitamina D exige proteínas carregadoras. Nesse caso a proteína específica é a proteína transportadora de vitamina D, a DBP, que é uma globulina (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
O fato de a formação do 1,25-diidroxicolecalciferol ser regulada homeostaticamene por suas concentrações e pelo fornecimento de cálcio é uma das principais razões pelas quais esse metabólito é considerado mais um hormônio esteróide do que uma vitamina (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).
Excreção
A excreção da vitamina D e seus metabólitos ocorre principalmente nas fezes, com o auxílio de sais biliares e muito pouco é eliminado pela urina (DUTRA-DE-OLIVEIRA E MARCHINI, 1998).

O cálcio

O cálcio é o mineral mais abundante do organismo. Os ossos e dentes contêm 99% do cálcio do corpo e ele participa com 1,5 a 2% dp total do peso corpóreo. Há uma correlação funcional entre cálcio, potássio, sódio e magnésio necessária à manutenção da normalidade metabólica (CARRERO, Denise Madi, 2006).
Função
Além de ter um papel determinante na construção e manutenção dos ossos e dentes, várias atividades enzimáticas dependem dele, como contrações musculares, ação dos neurotransmissores, regulação dos batimentos cardíacos e coagulação sangüínea (CARRERO, Denise Madi, 2006).
Fontes
Produtos lácteos, tofu, repolho, couve, sardinha, folhas de nabo, mostarda, espinafre, gergelim e outros vegetais de folhas verdes escuras.
Metabolismo
O cálcio é absorvido principalmente na parte do duodeno onde o meio ácido prevalece. Conseqüentemente , a absorção é reduzida na parte inferior do trato intestinal, onde os conteúdos são alcalinos. Normalmente 25 a 40% do cálcio ingerido é absorvido e algumas vezes chega a apenas 10% (CARRERO, Denise Madi, 2006).
O cálcio é absorvido por 2 métodos: um sistema de transporte ativo e saturável, controlado através da ação de 1,25(OH)2D3 (VIT D); este hormônio aumenta a captura de cálcio na borda em escova da célula da mucosa intestinal por estimular a produção de proteína que se liga ao cálcio; e um segundo mecanismo de transporte, passivo, não saturável, independente da vit. D, ocorre por toda a extensão do intestino (CARRERO, Denise Madi, 2006).
Excreção
O cálcio é absorvido apenas se estiver presente em uma forma hidrossolúvel e não estiver precipitado por outro constituinte da dieta, tal como oxalato. O cálcio não absorvido é excretado nas fezes. Também há excreção pela urina e perda de cálcio no suor (CARRERO, Denise Madi, 2006).
O cálcio nos ossos está em equilíbrio com o cálcio no sangue. O paratormônio (secretado pela glândula paratireóide), e a calcitonina (secretada pela glândula tireóide), mantêm o cálcio sérico numa concentração normal ao redor de 10mg/100mL de sangue.

CONCLUSÃO
Osteoporose é uma doença caracterizada pela descalcificação e enfraquecimento dos ossos. Pode ser prevenida desde muito cedo, pois é na fase de crescimento, até mais ou menos 24 anos de idade, que ocorre o pico da massa óssea, portanto a alimentação é fundamental para sua construção forte e saudável, que mais tarde servirá como uma base sólida, diminuindo as chances de desenvolver a doença (STÜRMER, 2002).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.      LONGO, Elsa N.; NAVARRO, Elizabeth T. Manual dietoterápico. Trad. MURAD, Fátima. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 263-264.
2.      FINKELSTEIN, Joel S. Osteoporose. In: BENNET, J. Claude; GOLDMAN, Lee (org.). Tratado de medicina interna. 21.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2001. 3 v. p. 1521-1529.
3.      LEÃO, Leila Sucupira Carneiro de Souza; GOMES, Maria do Carmo Rebello. Manual de nutrição clinica para atendimento ambulatorial do adulto. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
4.      SALGADO, Jocelem Mastrodi. Faça do alimento o seu medicamento. São Paulo: Madras Editora Ltda, 2002. p. 108-112.
5.      STÜRMER, Joselaine. Comida: um santo remédio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 161-172.
6.      LOPEZ, Fábio Ancona; BRASIL, Anne Lise Dias. Nutrição e Dietética em clínica pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 113-119.
7.      FRANK, Andréa Abdala; SOARES, Eliane de Abreu. Nutrição no envelhecer. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 143-162; 246-247.
8.      BONDINSKI, Louis. Dietoterapia: princípios e prática. São Paulo: Atheneu, 2006.
9.      CARRERO, Denise Madi. Entendendo a importância do processo alimentar. São Paulo: SP 2006.
10.  DUTRA DE OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J. Sérgio. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
11.  MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Víctor L.Fisiologia do exercício. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2001.
12.  COBAYASHI, Fernanda. Cálcio: seu papel na nutrição e saúde. Compacta
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<http://www.pnut.epm.br/Download_Files/Calcio.pdf>. Acesso em: 25 de 

mar.